quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

um ano sem escrever

Um ano sem escrever...
Mais de um ano...
Foram 19 meses atribulados...
Puros e duros, que mochila pesada carreguei estes meses...
O meu Tio foi internado, daí para um lar e em fim de 2018 descansou da sua dor...
Foi o melhor para ele, eu sei, mas custa tanto saber que já não está, já não estava..
Em 2017 tive o meu quarto filho e perdi o Tio que conhecia, as conversas foram desaparecendo, as minhas duvidas ficaram sem resposta, os conselhos deixei de os ouvir...
Foram 17 meses a desaparecer, no fim já só ouvia : - Maria!
Já bastava esse Maria, sabia que eu ainda existia na sua cabeça, na sua memória que aquele alemão teimava em apagar.
Foram 2 anos a esquecer os últimos 10 talvez, pois do Gonçalo ainda se ia lembrando...
Este Alzheimer que se veio instalar na nossa família, veio sem convite e veio ganhar terreno sem pedir licença... foi apagando as pegadas dos últimos anos, foi tirando o conversar, o raciocinio e no fim até o  músculo e a carne... a força de vencer...a força de viver.
Se a força existisse sei que a vida tinha terminado mais cedo, nunca quis estar dependente de alguém e muito menos não poder conversar, raciocinar... tinha mandado o Alzheimer dar uma volta descansando mais cedo e sem sofrimento.
Mas a o raciocínio foi primeiro e por um lado fez com que houvesse paz pois o sofrimento deste fim foi apenas físico e não mental. A sua percepção estava adormecida e na sua cabeça a sua vida vivia num ideal criado e não no real vivido.
Partiu sereno, sem dor e de mão dada ao seu grande amor, Mulher forte de metro e meio, ninguém imaginava a força e o furacão que ali estava até tudo isto começar... e assim acabou... testemunhei o partir de uma das pessoas mais importantes da minha vida de mão dada à mulher melhor, maior de coração, e mais forte que conheço que permaneceu ali ao lado do seu amor de mão dada sem tombar à espera do último respirar... para que partisse em paz sereno e acompanhado.
A minha TiaBisa que sorte que tenho de a ter, espero ter um pouco dela e espero tê-la por muito tempo, sei que se iniciou o ciclo de perda e isso custa-me muito... sei se que tenho de aproveitar todos os momentos, a vida e o que ela me dá e dizer a quem amo que amo.
Disse-o ao meu Tio e isso descansa-me.
Digo-o à minha Tia, à minha mãe, ao meu Pai.
Aos meus filhos e marido acho que digo quase todos os dias porque o sinto e tenho de dizer...
Cada dia tento fazer pazes com o que me rodeia, com a maldade que aparece ao virar da esquina, o egoísmo que paira sobre algumas cabeças, com o que não consigo fazer...
Sou feliz mesmo na tristeza...